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Rebelde sem causa, sem calça, sem rumo,
sentinela a procura de um portão aberto para tomar conta,
se apronta, se apruma, compaixão, demasiadas são, coração
sem paixão,
um vício, e como todo vicio também se tornou dependente,
depende do doente, independente se a droga faz bem ou não.
Heroína, o amor é aquilo que entra no corpo e na alma e fica
ali impregnado,
tentamos retira-lo e sempre caímos novamente na mesma
questão,
será que dói mais manter ali ou arrancar do peito, do
sangue.
Particionei meu HD, metade para o que não posso apagar,
metade para o que devo formatar quando ocorrer um erro.
Quem dera fosse assim tão simples,
como eu queria dividir o coração e quando não estiver feliz,
apenas apagar...
Tenho no peito algo que já não sente nada, não corre mais
sangue aqui, apenas a morfina,
essa sensação de não sentir dor é maravilhosa.
Não sinto bater, não sinto doer, não sinto, sinto, sinto
muito.
Vivo apenas para não morrer, mas quem sabe a morte, ambição
dos aflitos, me guie de volta à vida.
Vísceras gangrenadas, pupilas dilatadas, lágrimas secas no rosto
frio.
Quando o olhar já não fizer mais falta, o saber deixará de
ser ou não ser.
Enfim, ao fim, por fim, o resto será apenas um monte de
adubo,
e no campo semeado um novo coração brotará,
e nele não haverá mais lugar para a poética juventude.
Restará apenas a sapiência de uma mente sadia e velha sem
ter mais tempo para morrer.
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