Vixi...

“Vixi”. A única palavra que descreve o ato impensado,

aquele momento que não poderia imaginar acontecendo.

Um surto psicótico, diarreia mental, uma embriagues de alegria,

tudo foi unido em uma explosão, e toda explosão tem consequências.

Olhei nos olhos dela, peguei-a no colo e corri em disparado rumo a lugar algum,

mas o destino desconhecido se fez gravidade, pesou-me a idade.

A calçada se levanta a minha frente e sinto o pé direito não seguir na caminhada,

traiçoeiro, abandonou-me e deixou seu companheiro sem chão,

e num mergulho desenfreado apenas uma palavra vem a mente. “Vixi”.

Nunca essas quatro letras descreveram tão bem a situação.

Vendo em câmera lenta a inevitável queda, ainda tentei imaginar uma forma de evita-la

mas não havia mais tempo.

Deparamo-nos com a cena, dois ao chão,

rindo das dores, situação e da fome que nos consumia.

Como em um romântico filme pastelão,

eu ali sobre ela, no chão sob o céu estrelado, ralados, doloridos e rindo do papelão que eu causara.

Não troco essas feridas por nada, mas me faria bem uma boa dose de morfina,

ou vodca, mas o momento ficara literalmente gravado em minha carne.

Aqueles foram instantes de dor e insanidade que valeram a pena ser vividos.